magazine RISCO ZERO n6 - page 37

A nível europeu, cerca de 50% dos trabalhadores considera
que o stress é uma situação frequente nos seus locais de
trabalho.
Segundo a Agência Europeia para a Segurança e saúde
no Trabalho (EU-OSHA), no seu website (
.
europa.eu/pt/themes/psychosocial-risks-and-stress), várias
circunstâncias nos locais de trabalho podem ser geradoras de
importantes riscos psicossociais:
“cargas de trabalho excessivas; exigências contraditórias e
faltade clarezanadefinição das funções; faltade participação
na tomada de decisões que afectam o trabalhador e falta
de controlo sobre a forma como executa o trabalho; má
gestão de mudanças organizacionais, insegurança laboral;
comunicação ineficaz, falta de apoio da parte de chefias e
colegas; assédio psicológico ou sexual, violência de terceiros.”
Desta forma, compreende-se o significativo impacto
e necessidade de fazer algo sobre estes problemas: as
empresas e organizações devem abordar e implementar
metodologias correctas para a identificação dos principais
riscos psicossociais e stress relacionados com o trabalho, de
maneira a prevenir situações de importante impacto sobre a
saúde dos trabalhadores, quer na área cognitiva quer na área
clínica.
Curiosamente, o stress no trabalho pode aumentar a
probabilidade de ocorrência de acidentes de trabalho em
cerca de cinco vezes, fenómenos que se relacionam segundo
a EU-OSHA, com a fraca concentração, comportamentos de
risco, pressão de tempo e falta de comunicação entre outros.
As próprias ausências ao trabalho motivadas por exposição
excessiva a stress e riscos psicossociais, são, de igual modo,
muito mais prolongadas, do que as provocadas por outros
fatores ou doenças.
A proposta da EU-OSHA para ajudar as empresas e os
trabalhadores neste âmbito passa por várias fases:
× Promover a sensibilização para o problema
(políticas eficazes a nível organizacional);
× Gerir e avaliar os riscos;
× Tomar acções preventivas e correctivas;
× Melhorar a saúde de forma global;
× Melhorar a resiliência.
Urge, pois, à escala global, dotar os empregadores e os traba-
lhadores de meios e metodologias adequadas para enfrentar
este problema de crescente impacto e significado. Como im-
portante exemplo de avaliação por inquérito desta problemáti-
ca a nível organizacional, sugerimos o
COPSOQ - Copenhagen
Psychosocial Questionnaire
, poderoso instrumento multidi-
mensional de avaliação de riscos psicossociais, cuja versão
em português se pode aplicar em Portugal e países africanos
de língua oficial portuguesa.
BIBLIOGRAFIA
×
Agência Europeia para a Segurança e saúde noTrabalho (EU-
OSHA) - (
risks-and-stress).
×
COPSOQ- Copenhagen Psychosocial Questionnaire. Versão
Portuguesa. Carlos Silva e col. Universidade de Aveiro; FCT.
Professor António Jorge Ferreira
× Professor Auxiliar de Epidemiologia e Medicina Preventiva da
Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
× Especialista em Medicina do Trabalho. Especialista em
Pneumologia. Assistente hospitalar graduado de Pneumologia
do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (Hospitais da
Universidade de Coimbra), onde é responsável pela consulta de
Doenças Respiratórias Profissionais desde 2004.
× Mestre em Saúde Ocupacional e Doutorado em Medicina
Preventiva e Comunitária pela Faculdade de Medicina da
Universidade de Coimbra, onde é atualmente coordenador do
Curso de Pós-graduação em Medicina do Trabalho e do Mestrado
em Saúde Ocupacional.”
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