Em termos de recursos humanos contamos com mais de 60
elementos distribuídos por várias equipas, que asseguram o
funcionamento do CISA como um todo, nomeadamente as
equipas administrativa, de laboratório, de investigadores (tan-
to nacionais como internacionais, constituída por médicos,
nutricionista, biólogos, enfermeiros, demógrafo) e de técnicos
(enfermeiros, inquiridores, digitadores, técnicos de laboratório,
motoristas e equipa de limpeza). Adicionalmente contamos
com uma equipa de investigadores associados, que dão apoio
técnico e científico no desenho, implementação de projectos e
análise e publicação de resultados.
No total, temos associados 13 investigadores (incluindo assis-
tentes de investigação em formação e investigadores associa-
dos), dos quais 8 são investigadores angolanos.
Ainda antes de conversarmos sobre os benefícios que o
CISA trouxe, permita-nos perguntar o seguinte: tratando-
se de um centro de investigação, a primeira impressão
com que ficamos é de que se lhe associa muita tecnologia
e meios próprios para o desenvolvimento das actividades
inerentes de laboratório ou outras.
Porquê a sua localização na “periferia” e não na capital?
Esta zona (Bengo, município do Dande) é muito peculiar.
Em termos epidemiológicos é co-endémica para várias do-
enças de impacto relevante para a população de Angola,
sendo que estudos realizados aqui poderão ser alargados a
outras áreas do país e que estratégias interventivas poderão
aplicar-se noutras zonas de contexto semelhante. Por outro
lado, a população da área de abrangência do CISA, possui
características culturais, sociais e demográficas muito pró-
prias, resultante da confluência de povos originários de vá-
rias partes do país, e cujos hábitos e comportamentos e seu
consequente impacto na ocorrência de doença, são suscep-
tíveis de serem estudados/monitorizados (aprofundando o
papel dos determinantes de saúde na distribuição das doen-
ças). Ainda, a proximidade a Luanda confere facilidades lo-
gísticas, designadamente, esperamos, na captação de jovens
recém-licenciados.
O CISA desempenha um papel muito importante na reco-
lha e monitorização de indicadores sociodemográficos, de
morbilidade e mortalidade. Pode dar-nos mais informação
sobre os sistemas de recolha destes dados?
Temos 3 plataformas de recolha de dados essenciais,
agrupadas no que designamos por Centro de Dados: 1)
o Sistema de Vigilância Demográfica (reconhecido pelo
Instituto Nacional de Estatística de Angola), que determinou
inicialmente a dimensão populacional da área do CISA e as
condições socioeconómicas emque vivem e que desde então
(2009) faz a monitorização dos eventos sociodemográficos,
2) o Sistema de Vigilância da Mortalidade, que documenta
(através da autopsia verbal) as principais causas de morte na
população da área de estudo.
Por último, o Sistema deVigilância deMorbilidade Pediátrica,
que determina os principais motivos de admissão hospitalar
na pediatria do Hospital Geral do Bengo, permitindo
compreender melhor a procura dos serviços de saúde, o que
possibilita uma melhor alocação dos recursos e melhoria da
qualidade dos registos do hospital. A integração destas três
plataformas orienta o desenho de projectos de investigação
fundamentados que visam a melhor compreensão ou
resolução de problemas de saúde relevantes.
Quais as vossas principais áreas de investigação?
De uma forma geral as principais áreas de investigação são a
clínica (em contexto hospitalar e mais orientadas para os do-
entes e serviços de saúde), a epidemiológica e de determinan-
tes da saúde (em contexto comunitário), sendo que existem
projectos que incluem mais do que uma destas vertentes de
investigação. Para descrever um pouco a evolução das nossas
linhas de investigação, é de salientar que realizamos em 2010
um estudo inicial compreensivo de base comunitária, de carac-
terização epidemiológica da população em termos de preva-
lência de malaria, schistosomíase, parasitas intestinais, anemia
e malnutrição. Os resultados deste estudo indicaram linhas de
investigação específicas associadas a várias dimensões/con-
dições relativas a estas doenças (facto que facilmente se per-
cebe nas publicações científicas geradas) e culminaram com
a investigação de estratégias de intervenção a vários níveis
(terapêuticas (intervenção no controlo da schistosomíase), for-
mativos (avaliação do impacto da formação dos técnicos de
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