saúde, na qualidade do diagnóstico laboratorial de malaria),
educacionais (para prevenir a anemia, malnutrição e infecções
associadas a más práticas parentais), assim como investigação
da contribuição dos cuidados de saúde na redução da desnu-
trição crónica. Isto para dizer que a malaria, schistosomíase
urogenital, parasitas intestinais, anemia e malnutrição e a re-
lação entre eles, têm sido dos nossos principais focos (princi-
palmente em mulheres e crianças). Devo salientar que alguns
destes estudos envolveram e envolvem métodos altamente
especializados, parcerias internacionais relevantes e comuni-
cações científicas de reconhecimento internacional. Outras
linhas de investigação, igualmente importantes, são os agen-
tes causais de diarreias, avaliação de métodos moleculares de
diagnóstico das filaríases, hemoglobinopatias e enzimopatias
e, considerando o período de transição epidemiológica que o
país atravessa, e o consequente aumento das doenças cróni-
cas, o CISA desenvolveu também estudos para determinar a
prevalência da hipertensão arterial, assim como da incidência
de fatores de risco cardiovasculares.
Sabemos que apesar do ainda curto período de existência
do CISA o número de trabalhos científicos publicados é
já considerável. Fale-nos um pouco dessa circunstância.
De facto a evidência científica é um dos nossos principais
outputs, assim como torna-la acessível para vários públicos.
De momento temos 15 artigos científicos publicados em
revistas internacionais, mais de 20 artigos em processo de
escrita ou em processo de preparação para submissão, além
de mais de 30 apresentações em congressos internacionais e
40 em congressos nacionais. Publicamos também 5 cadernos
CISA de distribuição gratuita, onde se traduz e sintetizam os
principais resultados obtidos nos estudos numa linguagem
mais acessível, e 1 caderno de Manual de enfermagem
orientado para a formação de recursos humanos.
Fale-nos um pouco sobre o que é feito propriamente no
âmbito da formação e assistência técnica?
As actividades formativas desenvolvidas pelo CISA ocorrem
essencialmente através do acolhimento de estágios do ensino
médio e superior e da realização de teses de mestrado e dou-
toramento. Por outro lado, o CISA promove acções de forma-
ção, seminários e palestras em instituições de ensino médio e
superior e de saúde, fomentado também a formação contínua
dos seus colaboradores (apoio e incentivo à participação em
eventos científicos e em alguns cursos de curta duração).
Para além do óbvio beneficio científico que o projecto apor-
ta, na sua opinião o CISA em que pode contribuir para a po-
pulação local assim como para o cidadão comum angolano?
Para lá do benefício directo local de criação de postos de tra-
balho num domínio especializado (e com consequente impac-
to na valorização das pessoas que colaboram aos diferentes
níveis com o CISA), será de salientar o fomento e a promoção
da investigação que o CISA promove. Isto porque o CISA pos-
sibilita o contacto de muitos jovens recém-licenciados com o
mundo da investigação, permitindo abrir-lhes assim novas
possibilidades profissionais na sociedade do conhecimento,
como contribui para promover o conhecimento que se produz
em Angola ao publicar em revistas internacionais, com revi-
são pelos pares científicos, ou ao participar em conferências
internacionais. Além disso, ao investigar e estudar alguns dos
maiores problemas de saúde do país poderá contribuir para a
fundamentação de políticas públicas. Como o CISA tem tido
uma intervenção muito junto das populações acreditamos
que estamos a contribuir para o aumento da sua literacia em
saúde, pois a informação é uma arma muito poderosa ao me-
lhorar a capacidade de tomada de decisões e a adopção de
estilos de vida mais saudáveis.
Que programas de cooperação com outras entidades
internacionais dispõe o CISA? Isso implica a deslocação de
técnicos ou investigadores estrangeiros ao CISA?
Neste momento encontra-se em curso algum programa?
A lista de instituições internacionais com as quais o CISA
colabora é extensa, começando pelos estudantes de douto-
ramento que estão afiliados em várias universidades estran-
geiras e pela colaboração formativa com outras instituições
Africanas, Europeias – Portugal, Reino Unido e Suécia - dos
EUA, tendo inclusive já colaborado com uma Universidade
Australiana. Isto traz-nos não apenas o seu expertise técnico
mas também nos motiva a reforçar a qualidade dos nossos
projectos. Sim, de facto existe a necessidade pontual de deslo-
cação ao estrangeiro, para aquisição de know how e posterior
implementação do mesmo em Angola. O CISA tem procura-
do ao longo dos anos ir ganhando autonomia nos métodos de
pesquisa que utiliza.
magazine risco zero