São muitos os factores de stress decorrentes da organização,
da gestão, do contexto social, do ambiente de trabalho ou da
própria actividade com potencial para causar efeitos adversos
físicos ou psicológicos na saúde dos trabalhadores, que se
definem como factores de risco de natureza psicossocial (Cox
e Griffiths , 1995).
Segundo Cox (1993, cit por Leka et al., 2008), os riscos
psicossociais podem relacionar-se com: o conteúdo, a
carga, horário e ritmo do trabalho, percepção de controlo, o
ambiente e recursos, cultura e função organizacional, relações
interpessoais, o papel desempenhado, desenvolvimento da
carreira e interação trabalho-casa. De salientar que estes
factores podem actuar em conjunto.
O stress é tido como um processo de interacção entre
as exigências do meio laboral e os recursos do indivíduo
capaz de originar consequências individuais negativas com
repercussão no todo da organização. No contexto profissional
do professor, as estratégias utilizadas pelo indivíduo na
reacção a factores (processo de coping) traduzem-se no
que individualmente pensa (e faz) na presença de um factor
indutor de stress.
De que modo podem as organizações educacionais em
Angola actuar, de modo a efectuar a gestão de riscos
psicossociais, nomeadamente o stress?
Tendo em conta a informação recolhida e referida
anteriormente, pode afirmar-se que os riscos psicossociais
são um importante problema de saúde pública, que deve ser
gerido. Oprimeiro passo para a gestão dos riscos psicossociais
é a identificação do problema e a avaliação do risco que este
representa. Só assim, será possível definir uma estratégia
eficaz na prevenção destes mesmos riscos.
Esta abordagem permite à organização tomar medidas
preventivas e correctivas e possibilita a definição de
prioridades de acção que efetivamente assegurem e/ou
melhorem a saúde dos trabalhadores (Rodrigues et al., 2013).
Quando a natureza dos problemas e as suas causas são enten-
didas, é possível desenvolver um plano de acção direccionado
e eficaz. Importa identificar a causa, os envolvidos no seu de-
senvolvimento, os recursos necessários e definir um método
de avaliação da eficácia deste plano para determinar quais os
benefícios que deste plano advém (Leka et al., 2008).
Drª Maria Antónia Cardoso
× Mestre em Educação Especial
× Educadora de Infância especializada em Intervenção Precoce
Considerando a complexidade do stress relacionado com
o trabalho, introduzimos como exemplo de Boas Práticas
internacionalmente recomendadas, para as organizações
educacionais, o projecto STRESSLESS-
Promovendo a Resiliência dos Educadores ao Stress. Este
projecto visa desenvolver uma abordagem integradora que
indique aos educadores caminhos capazes de reforçar o seu
conhecimento e competências. Tem como objectivo criar
respostas que produzam um efeito positivo na qualidade e
eficácia do processo de ensino através de novos mecanismos
de gestão de stress nas escolas e da melhoria da saúde dos
profissionais.
Urge implementar um programa baseado nesta experiência
internacional que apoie os profissionais e as instituições,
tornando-os mais resilientes na gestão de riscos psicossociais,
que produza efeitos em 3 áreas principais: Aumentar o bem-
estar dos indivíduos e nas instituições; Reduzir o stress dos
colaboradores e nas instituições; Melhorar a qualidade dos
cenários educativos.
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