10. Há quanto tempo faz parte do CISA? Quais as suas atri-
buições? Fale-nos um pouco desta sua vivência profissional
e pessoal.
Estou no CISA desde 2010, no início estava mais ligada ao
apoio ao laboratório e ao seu papel em estudos de carácter
comunitário, e aos poucos fui evoluindo da investigação em
ciências biológicas (de âmbito mais laboratorial) para a inves-
tigação epidemiológica. Neste momento, estou orientada para
a aquisição de competências associadas à implementação de
intervenções integradas focadas na optimização e planeamen-
to de melhores políticas de saúde pública.
Apesar de ter começado pela malária e de ter estado desde
sempre interessada nas várias disciplinas que a tornam um
problema de resolução complexa, estou neste momento mais
focada para um problema multifactorial igualmente sério (e que
a tem como uma das principais etiologias), que são as anemias.
Preocupa-me o enorme impacto que têm especialmente nas
crianças e posteriormente na sua vida adulta. Pessoalmente, tem
sido um percurso incrível pois a constante aprendizagem para
mim é uma grande recompensa. Reconheço porém que ainda
tenhomuito trabalho pela frente, para que omeu contributo para
o desenvolvimento da investigação em Angola seja relevante.
Que mensagem para futuro gostaria de deixar?
Sinto que o verdadeiro valor da investigação emsaúde ainda não
é bem percepcionado em Angola e que precisa de um impulsio-
namento maior. Precisamos de perceber que conseguimos fazer
mais, melhor e com menos recursos se utilizarmos a ferramenta
do conhecimento. Por outro lado, precisamos de mais angolanos
na investigação em ciências biomédicas e uma crescente inte-
gração em redes internacionais de investigação; deve-se apoiar
uma maior interação entre os cientistas que existem com os aca-
démicos, e os profissionais de saúde, implementadores de políti-
cas de saúde, financiadores e sociedade civil, em geral.
Drª Cláudia Fançony
A Drª Claudia Fançony é licenciada em Biologia e mestre em Biotecnologia e Bio-Empreendedorismo em Plantas Aromáticas e Medicinais
pela Universidade do Minho e doutoranda em Saúde Publica no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto em Portugal.
"Precisamos de
perceber que
conseguimos fazer
mais, melhor e com
menos recursos
se utilizarmos a
ferramenta do
conhecimento."
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