magazine RISCO ZERO n3 - page 53

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promovendo o trabalho em condições dignas e cada vez mais
isentas de riscos profissionais.
A própria responsabilidade social das empresas assenta ver-
dadeiramente neste “triple bottom line”, que entra em linha de
conta com a sustentabilidade empresarial (vertente ambiental,
vertente social e vertente financeira).
Compreendemos que as empresas que mais se preocupam
com esta realidade são, essencialmente as que possuem traba-
lhadores mais saudáveis e produtivos. Por outro lado, a integra-
ção dinâmica de boas práticas de SST traz enormes vantagens
e não apenas custos.
Ao garantir o valor intrínseco da saúde dos trabalhadores, inú-
meros parâmetros vêm a ser futuramente influenciados: boas
práticas no âmbito da SST permitem aumentar o valor da mar-
ca e ter mais êxito no negócio, conquistar e preservar clientes,
motivar e aumentar o compromisso estratégico dos trabalhado-
res, aumentar a produtividade, reduzir os custos com seguros,
acidentes doenças e indemnizações e aumentar a confiança
dos investidores.
Na realidade, a prevenção de acidentes é muito mais do que
uma mera redução dos danos. Ao analisarmos, à escala mun-
dial os países commaior competitividade, facilmente nos aper-
cebemos que são precisamente os que possuem melhores prá-
ticas a nível da SST.
Assim, entre os eixos estratégicos do desenvolvimento da SST
a nível dos diversos países se compreende que a integração de
boas práticas neste âmbito se reveste de uma influência funda-
mental, sendo obviamente um componente estratégico e estru-
turante da responsabilidade social empresarial.
Uma moderna abordagem da SST implica a criação de profis-
sionais formados e altamente motivados na área, mas também
um envolvimento dinâmico dos empregadores e trabalhadores.
Na realidade, nenhuma política de SST deve deixar a motiva-
ção individual e coletiva dos trabalhadores de fora. São eles a
verdadeira força motriz na operação da mudança de paradig-
ma que visa locais de trabalho seguros, dignos e saudáveis.
Por outro lado, é necessário reconhecer que a formação e a
informação são fundamentais, não só para todos os trabalha-
dores, de forma ubíqua, mas também para os elementos das
modernas equipas de SST, onde necessariamente se integram
os médicos do trabalho, os enfermeiros do trabalho, os téc-
nicos de higiene e segurança, os engenheiros de segurança,
os ergonomistas e os psicólogos do trabalho, entre outros. Só
com equipas motivadas e com ampla formação estruturante
em matérias de SST e com um normativo legal adaptado à
realidade de cada país, se conseguirão atingir objetivos im-
portantes nesta área.
A própria abordagem das clássicas formas de intervenção da
Medicina do Trabalho deve ser revista: as necessidades for-
mativas contínuas são elevadas e evoluem a par do próprio
desenvolvimento tecnológico e científico. O médico do traba-
lho é precisamente uma das interfaces mais importantes em
qualquer moderno programa de formação contínua nas áreas
relacionadas com a SST; contudo, ele próprio deve manter-se
atualizado e em constante formação. De outro modo, corre o
risco de os seus conhecimentos e a sua prática ficarem desa-
tualizados, face à constante inovação que é diariamente intro-
duzida no mercado de trabalho, onde cada vez mais se sente a
globalização, mesmo em países que ainda estão a atravessar
os fenómenos de transição epidemiológica. O mesmo se veri-
fica com os outros elementos das equipas de SST.
As necessidades formativas em SST são constantes, abran-
gentes, multidisciplinares e envolvem quer a equipa de Saúde
Ocupacional, quer os trabalhadores, quer as administrações
e os empregadores. A necessidade de “conhecer para bem
atuar” revela-se fulcral numa área em que precisamente errar
pode sair muito caro. “Decent Work is Safe Work”.
× Professor Auxiliar de Epidemiologia e Medicina Preventiva da
Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
× Especialista em Medicina do Trabalho. Especialista em
Pneumologia.
× Assistente hospitalar graduado de Pneumologia do Centro
Hospitalar Universitário de Coimbra (Hospitais da Universidade
de Coimbra), onde é responsável pela consulta de Doenças
Respiratórias Profissionais desde 2004.
× Mestre em Saúde Ocupacional e Doutorado em Medicina
Preventiva e Comunitária pela Faculdade de Medicina da
Universidade de Coimbra, onde é atualmente docente nas áreas
pré-graduadas de Epidemiologia e Medicina Preventiva, Introdução
à Saúde Comunitária e Pneumologia e no ensino pós-graduado,
nos mestrados de Saúde Ocupacional, Saúde Pública, Geriatria,
Nutrição, Medicina Desportiva e na pós-graduação de Medicina
do Trabalho, onde é responsável pela docência de várias unidades
curriculares.
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