Magazine Risco Zero Nº 14
magazine risco zero muitos problemas de saúde têm origem no analfabetismo e na ignorância dos efeitos nefastos que determinados comportamentos e estilos de vida têm na saúde7. Os determinantes de saúde, nomeadamente as condições de vida e de trabalho e as condições socioeconómicas, culturais e ambientais, podem afectar directamente o estado de saúde da população8, sendo essencial uma intervenção nestas áreas a fim de diminuir as iniquidades. A disponibilidade de salas de aula não é ainda adequada ao aumento de estudantes que se tem vindo a verificar, o que origina vários turnos diários de estudantes, diminuindo as horas de contacto dos alunos com a escola e o professor7. No relatório dos indicadores múltiplos de saúde também transparece a necessidade de intervenção a nível da alfabetização da população angolana, dado que é manifesta a disparidade de géneros na escolaridade, com o predomínio de níveis mais elevados na população masculina9. Contudo, nas gerações mais novas, o nível de escolaridade é mais elevado em ambos os sexos9. Também o estracto socioeconómico do agregado familiar é determinante para o nível de escolaridade, sendo que capacidade económica mais elevada é promotora de um nível de escolaridade também mais elevado9. O sucesso das organizações depende em grande medida da qualidade da formação e da capacitação dos seus quadros, sendo essencial identificar as suas necessidades e o perfil dos profissionais a formar e/ou contratar. As instituições de ensino e formação têm, portanto, a responsabilidade de formar e capacitar as pessoas, para responder eficazmente às necessidades das organizações e do país10. O quadro de parceria entre o Governo de Angola e as Nações Unidas define algumas prioridades, onde se incluem as relacionadas com o desenvolvimento humano, social e equitativo, incluindo, entre outras, a igualdade de género e o reforço das capacidades da população. Neste sentido, alguns dos objectivos do desenvolvimento global do país, como prioridades estratégicas nacionais, incluem redução da pobreza, igualdade de género e valorização da mulher, ensino básico universal, educação/formação e acesso à saúde de qualidade7. Os objectivos de desenvolvimento sustentável apontam para que, até 2030, Angola implemente políticas públicas com vista a garantir, entre outras, a melhoria da equidade, incluindo a relacionada com o género10. É perceptível a diferença existente entre género feminino e masculino, com a maioria das mulheres a ocuparem empregos nas actividades relacionadas com vendas e serviços10. OBJECTIVO: Analisar a realidade de um bairro em Luanda no que respeita às habilitações académicas e situação de emprego no género feminino. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo, transversal de natureza quantitativa, baseado nos resultados do diagnóstico de situação de saúde da comunidade do sector A, do bairro do Imbondeiro, distrito da Samba, município de Luanda. Os dados foram recolhidos durante o estágio do Curso de Pós- Licenciatura de Especialização em Enfermagem em Saúde Comunitária, no período de 24 de Abril de 2018 a 6 de Julho 2018. Utilizou-se a técnica de amostragem por acessibilidade e como instrumento de colheita de dados utilizaram-se questionários adaptados à população em estudo, respeitando os princípios éticos da recolha e tratamento de dados. Após o registo dos dados procedeu-se à sua análise com recurso à estatística descritiva usando o software SPSS ® versão 21. Foram inquiridos 393 adultos, sendo 40,5% (159) do género masculino e 59,5% (234) do género feminino, com uma idade média de 34 anos, e uma moda de 27 anos. No que respeita ao nível de escolaridade (Gráfico 1), verifica- se que 37,7% tem o ensino médio, 20,1% da população possuí equitativamente o 1º e o 2º ciclo, 7,1% é analfabeta e 7,1% não tem a escolaridade obrigatória (9.º ano) embora saibam ler e escrever (possuem, na sua maioria, somente a 4ª classe). Analisando os dados obtidos no nosso estudo, por género, 53% da população feminina tem idade compreendida entre 18 e 30 anos, 41% tem a escolaridade obrigatória (até à 9ª classe) e 29% não tem qualquer tipo de escolaridade (9,8% não tem escolaridade, mas sabe ler e escrever). Da totalidade de mulheres que referiram ter o ensino médio (n = 80), 76,25% têm idades compreendidas entre os 18 e os 32 anos. Em relação à situação profissional (Gráfico 2), 41,5% das mulheres são desempregadas, e 29,1% estão integradas no sector primário. 19,7% da totalidade das mulheres são estudantes, e destas, 84,8% têm idade compreendida entre os 18 e os 27 anos. Somente 5,6% se inserem nos sectores secundário ou terciário. Do total de mulheres que referem trabalhar no sector primário, 42,65% possuem como habilitações literárias o ensino médio e os 4,7% das mulheres que referem integrar o sector secundário, têm escolaridade compreendida entre o 2º ciclo e a licenciatura.
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