Magazine Risco Zero Nº 14

magazine risco zero Instituto de Saúde Multiperfil ARTIGO PROFISSIONAL HABILITAÇÕES ACADÉMICAS E SITUAÇÃO LABORAL NO GÉNERO FEMININO: DADOS DE UM BAIRRO DE LUANDA A melhoria de vida do povo Angolano passa por assegurar um futuro que ofe- reça igualdade, dignidade e oportunidade para todos. Acabar com a discrimi- nação de género é um direito humano, crucial para acelerar o desenvolvimento sustentável. Existem grandes desigualdades no mercado laboral, nem sempre sendo garantido o direito às mulheres de igual acesso ao trabalho1. Partindo desta assunção pretende-se descrever a situação académica e profissional da população feminina residente num bairro de Luanda. Para tal foi realizado um estudo descritivo, transversal de natureza quantitativa, baseado nos resulta- dos do diagnóstico de situação de saúde dessa comunidade. Constatou-se que a desigualdade de género afecta o desenvolvimento familiar, a saúde, social, económico e pessoal, assim como uma importante dimensão da qualidade de vida. O estatuto social das mulheres pode ser alterado, através da sua capaci- tação e, por isso, recomenda-se investimento na educação das mulheres, de modo a que estas possam contribuir activamente para o desenvolvimento do país, bem como para o aumento da literacia em saúde. Os profissionais de saú- de têm um papel primordial na consciencialização das famílias no sentido de apostar na educação, especificamente no género feminino, incentivando a in- serção da mulher no mercado de trabalho, com vista ao empoderamento, exer- cício da cidadania, melhores condições socioeconómicas e de saúde. INTRODUÇÃO Na Região Africana, a iliteracia entre os adultos continua a ser elevada sendo que a África Subsariana tem o rácio mais baixo de literacia na mulher adulta, comparativamente ao homem, em todo o mundo, com excepção da Ásia Meridional. Apresenta, também, a percentagem mais baixa de literacia entre as mulheres jovens, o rácio mais baixo de inscrições no ensino primário e o rácio mais baixo de frequência da escola primária. As mulheres constituem aproximadamente 50,2% da população total da Região Africana, o que significa que a maior parte do potencial humano da região está a ser altamente subutilizado 2. África está atrás de outras regiões em desenvolvimento no que se refere à promoção do empreendedorismo das mulheres2. As mulheres africanas enfrentam enormes desafios no acesso ao crédito empresarial e a serviços sociais básicos, como cuidados de saúde e educação. Ao atribuir às mulheres uma maior fatia na economia, através do direito de propriedade ou facilitar o seu acesso ao crédito, permite-se aumentar o seu estatuto no seio da família e da comunidade, promovendo a participação em actividades cívicas, o que constitui um aspecto fundamental da capacitação do potencial humano feminino. A participação das mulheres nas estruturas políticas do governo é fundamental para integrar as questões da saúde da mulher, aprovação das leis que combatem a discriminação sexual e práticas culturais prejudiciais, tais como a mutilação genital feminina 2. Dos 20 países que se encontram no fundo do Índice das Nações Unidas para o Desenvolvimento do Género, 19 deles são da Região Africana, verificando-se que as mulheres

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