Magazine Risco Zero N.º11
/39 Professor Doutor António Jorge Ferreira × Professor Auxiliar de Epidemiologia e Medicina Preventiva da Fa- culdade de Medicina da Universidade de Coimbra. × Especialista em Medicina do Trabalho. Especialista em Pneumo- logia. Assistente hospitalar graduado de Pneumologia do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (Hospitais da Universidade de Coimbra), onde é responsável pela consulta de Doenças Respirató- rias Profissionais desde 2004. × Mestre em Saúde Ocupacional e Doutorado em Medicina Preven- tiva e Comunitária pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, onde é atualmente coordenador do Curso de Pós-gradua- ção em Medicina do Trabalho e do Mestrado em Saúde Ocupacio- nal.” pulmonar complexa causada por uma reação imunitária desencadeada após a exposição respiratória a uma ampla variedade de antigénios, incluindo microrganismos, proteínas de origem vegetal e animal e compostos químicos. Cerca de 300 agentes já foram identificados como potencialmente causadores da doença, sendo que alguns deles podem estar presentes em ambientes ocupacionais da construção civil, nomeadamente durante atividades de demolição de edifícios contaminados com fungos, exposição a algum tipo de tintas, colas e vernizes, entre outros. A PH é uma doença pulmonar que manifesta sintomas de dispneia e tosse e que é resultante da inalação de umantigénio ao qual geralmente o indivíduo tinha sido previamente sensibilizado. Algumas considerações se colocam: A PH é uma doença pulmonar com ou sem manifestações sistémicas (tais como a febre e a perda de peso); é causada pela inalação de um antigénio ao qual o indivíduo (por exemplo, o trabalhador) está sensibilizado; a sensibilização e exposição isoladas na ausência de sintomas não definem a doença, uma vez que muitos indivíduos expostos desenvolvem uma resposta imune que se manifesta pela presença de anticorpos IgG para o antigénio em causa. A clínica da doença pode assumir formas mais agudas, com febre e mal-estar geral e por vezes uma síndroma de tipo gripal (flu-like), formas subagudas e crónicas, com dispneia de esforço, fervores e ralas à auscultação pulmonar. Alguns autores referem seis preditores significativos para a presença de PH (exposição a um agente etiológico conhecido, precipitinas positivas, recorrência sintomatológica, crepitações inspiratórias à auscultação, sintomatologia após 4-8 horas do início da exposição e perda de peso). Asma Ocupacional A asma ocupacional é uma doença caracterizada por limitação variável do fluxo aéreo e/ou hiper-reatividade das vias aéreas, devidas a causas e condições atribuíveis a um ambiente de trabalho em particular e não a estímulos encontrados fora do local de trabalho. A asma ocupacional é a doença pulmonar respiratória mais comum em países desenvolvidos. É sabido que um largo espectro de exposições ocupacionais pode induzir um agravamento de uma asma brônquica pré- existente, nomeadamente a poeiras e aeroalergéneos do ambiente indoor e outdoor. O ambiente muito empoeirado de vários tipos de trabalho em construção civil pode aumentar este risco significativamente. A prevalência da asma relacionada com o trabalho não é conhecida, tendo-se estimado que cerca de 10 a 15% de toda a asma brônquica do adulto possa ser atribuída ao local de trabalho, incluindo- se nestes números os casos de asma ocupacional e de asma exacerbada pelo local de trabalho. Mais de 250 agentes foram associados etiologicamente à asma ocupacional. Entre os mais frequentes encontram-se os di-isocianatos presentes emmuitas tintas e vernizes, em como as poeiras de algumas madeiras com potencial exposição em atividades de construção civil. O diagnóstico da asma ocupacional é um processo complexo, havendo necessidade de estabelecer nexos de causalidade inequívocos entre uma determinada exposição profissional e o advento das queixas, excluindo outras causas não observáveis a nível laboral. Cancro de pulmão e pleura a International Agency for Research on Cancer (IARC) classifica 107 agentes como carcinogénios humanos confirmados (Grupo 1), dos quais 26 exercem os seus efeitos a nível pulmonar. Muitos destes agentes podem estar presentes em ambiente de trabalho de construção. Destaca-se o amianto, é um dos riscos ocupacionais mais minuciosamente caracterizados e investigados, quer no que toca à etiologia do cancro do pulmão quer da pleura (mesotelioma pleural); a Sílica Cristalina (a IARC classifica a sílica cristalina respirável como carcinogénio do grupo 1); Berílio, Fumos da Combustão de diesel, e radão.
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