Página 34 - magazine RISCO ZERO n1

Dra. Paula Figueiredo Madaleno
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C
onSaúde, Lda
SAÚDE OCUPACIONAL E
RESPONSABILIDADE SOCIAL
DAS EMPRESAS
A responsabilidade social, para muitos empresários, infeliz-
mente passa apenas pela questão da obtenção de certificados
de padrão de qualidade e de adequação ambiental como as
normas ISO, ou com a simples prática filantrópica de patroci-
nar eventos culturais e ou desportivos.
O conceito de Responsabilidade Social é muito abrangente, o
que permite a coexistência de diversas concepções de diferen-
tes autores. Para este artigo escolhemos o conceito do WBCSD
(
Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sus-
tentável) : “O compromisso das empresas de contribuir para o
desenvolvimento econômico sustentável, trabalhando com os
empregados, com as famílias, com a comunidade local e com a
sociedade em geral para melhorar a qualidade de vida.” (WBS-
CD apud Holliday, 2002)
A responsabilidade social corporativa relacionada com o públi-
co interno (Trabalhadores) não se limita a respeitar os direitos
dos trabalhadores, consolidados na legislação e nos padrões
da OIT (Organização Internacional do Trabalho). Defende-se
neste artigo a necessidade de se considerarem os aspetos asso-
ciados à saúde e segurança dos trabalhadores como requisito
básico e fundamental para a adoção da responsabilidade social
nas empresas, fundamentado pelos índices crescentes de aci-
dentes de trabalho e de doenças ocupacionais, a nível Nacional
e internacional.
AOrganizaçãoMundial da Saúde (2010) dimensiona a saúde, o
bem-estar e a segurança no trabalho como aspectos de funda-
mental importância na produtividade, competitividade e sus-
tentabilidade das organizações: “A riqueza do negócio depende
da saúde dos trabalhadores” e define local de trabalho saudável
como aquele em que “trabalhadores e gestores colaboram em
um processo contínuo de melhoria para proteger e promover a
saúde, o bem-estar, a segurança e sustentabilidade do local de
trabalho.” As empresas devem considerar os seguintes fatores:
(1)
os custos de prevenção versus os custos resultantes de aci-
dentes; (2) consequências financeiras das violações jurídicas de
leis e normas de segurança e saúde no trabalho e (3) saúde dos
trabalhadores como importante patrimônio da empresa.
Para a OMS, a adesão aos princípios dos ambientes de trabalho
saudáveis evita afastamentos e incapacidades para o trabalho,
minimiza os custos com saúde e os custos associados com a
alta rotatividade, e aumenta a produtividade a longo prazo bem
como a qualidade dos produtos e serviços.
O modelo proposto consiste num processo de melhoria con-
tínua que tem como base ética e valores, engajamento da alta
liderança e envolvimento dos trabalhadores e atua em quatro
dimensões: ambiente físico (minimização dos riscos ocupacio-
nais específicos), ambiente psicossocial (incluindo organiza-
ção do trabalho e cultura organizacional), recursos e suporte
à saúde nos locais de trabalho e participação em programas
comunitários para e com toda a comunidade impactada pelas
operações de empresa.
Num país com amplas dimensões geográficas, demográficas e
econômicas como é Angola, as acções de suporte à saúde nos
locais de trabalho devem assegurar:
A realização dos exames médicos ocupacionais que identifi-
cam doenças e despistam casos de risco, tendo em conta que,
ARTIGO DE OPINIÃO